09 novembro, 2009

simbolos perdidos

No passado dia 24 e 25 de Outubro, decorreu na Quinta da Regaleira o Colóquio Internacional de “Moradas Filosofais”.

Por “morada filosofal” entenda-se “um objecto, uma obra de arte ou um lugar que contenha em si determinados elementos iconográficos (construções, objectos, símbolos, etc.) que remetam para um sentido de transcendência do ponto de vista hermético, religioso ou político que têm origem na geometria sagrada e remontam ao antigo Egipto – ou mais recentemente, às sagas de Harry Potter ou de Robert Langdon, o herói de Dan Brown.

Há edifício ou propriedades que quando se entra, se sente uma atmosfera estranha. Locais estranhos, carregados de história, envoltos num ambiente de ornamentação de portas, janelas, salas, quartos, tectos, etc.

Basta acreditar para lançar a busca ao símbolo perdido.

Numa morada filosofal toda a decoração provém de uma intenção, que esconde o significado.

Destaca-se aqui a Quinta de Serralves e a Quinta da Regaleira. “ Os jardins do museu de Serralves tem muito que se diga. Estamos a falar de um projecto de um paisagista francês conhecedor da Leis de Hermes”. Na maior parte dos casos não se sabe quem foi o autor do projecto, ou foram projecto que sofreram evoluções por diversos autores em épocas diferentes.

A Quinta da Regaleira, envolve-se num ambiente misterioso obtido pelo tipo de jardins e vegetação que apresenta. Construída entre 1904 e 1910, ficou associada a António Carvalho Monteiro que ali fundou o seu lugar de eleição. Detentor de uma fortuna avultada que lhe concedeu a alcunha de “Monteiro dos Milhões”. Contratou Luigi Manini, arquitecto e cenógrafo italiano, que trouxe consigo os escultores, canteiros e entalhadores que haviam trabalhado no Palace Hotel do Buçaco.

Destaca-se aqui como forma de exemplo, o jazigo, de construção esotérica, de António Carvalho Monteiro no cemitério dos prazeres, pelo mesmo arquitecto que lhe construiu a quinta.”Desde o formato do talhão (planta hexagonal) aos elementos de estatuária, tudo denota uma “tradução plástica de um ideário”. Tanto pode ser o anjo da morte sobrepujado por um baldaquino, que simboliza a extracção do corpo e alma do moribundo, como a borboleta cinzelada que remeta para a libertação do casulo do tempo. A porta estreita e alta que conduz ao Céu, o “quarto de dormir” com aldraba, a chave – a mesma que abria as porta das Regaleira – a cripta das traseiras onde figuram as duas tíbias cruzadas encimadas por uma caveira, as duas corujas protectoras ou as papoilas dormideiras, ícone botânico da ressurreição.

Esta abordagem de analise os espaços, nomeadamente a nível de jardins, pode suscitar uma perspectiva muito interessante, realçando pequenos elementos e características que de outra forma, provavelmente nem daríamos atenção


fonte texto: Revista Notícias Sábado, 7 Novembro 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde.

Gostei deste artigo em especial.

Tendo apenas a acrescentar que, pelo menos no caso da Quinta da Regaleira, o ambiente/atmosfera estranha/esotérica que referem é propositado e se deve, em grande medida, aos rituais maçónicos que ali ainda se cumprem.

Este facto, só por si, confere ao espaço um significado muito mais profundo que aquele que se vislumbra a olho nú.

Entender a Regaleira sem esta perspectiva não me parece possível.

FTR

TodayisnotMonday disse...

A Quinta da Regaleira parece-me o melhor exemplo para explicar este conceito, se lhe pudermos chamar assim, pela sua história "maçónica".
É um tema que gostaria de tentar desenvolver mais tarde, e compreender alguns pontos bases.